(Foto: Reprodução)
Até 5 de março deste ano, 2004 havia sido a última vez
em que o valor do dólar passava de R$ 3 e, agora que isso voltou a
ocorrer, a moeda parece não querer mais retornar aos dois e pouco de
antes. Tal cenário gera problemas para a indústria de produtos
eletrônicos e, em algum momento, você, consumidor, pode ser obrigado a
pagar a conta.
Grande parte do que esse mercado vende por aqui é fabricado
no exterior - isso inclui smartphones, tablets, computadores,
televisores... Mesmo que o produto em questão seja montado no Brasil,
geralmente há peças que precisam ser importadas.
E até nos casos em que o produto tem origem totalmente
nacional, a fabricante pode acabar optando por seguir a movimentação do
setor e inflacionar os preços junto com a concorrência, segundo o
economista Samy Dana, da FGV.
O Brasil não tem condições de negociar no mercado
estrangeiro com o real, que não é uma moeda forte como o euro, por
exemplo, então depende do dólar por sua aceitação mundial. Como nosso
dinheiro está desvalorizado frente ao norte-americano, praticamente
qualquer coisa comprada de fora tende a ficar mais cara. É o caso das
peças dos eletrônicos.
Mas isso é uma tendência, não significa que acontecerá. Em
geral, as empresas que atuam em mercados que dependem de importação
trabalham com margens para absorver a flutuação cambial. O problema,
ressalta o professor Celio Hiratuka, do Instituto de Economia da
Unicamp, é que desta vez o aumento veio muito forte e em pouco
tempo. "Isso vai gerar um aumento de custo importante", avisa ele. "Se
fosse 15%, 10%, seria uma coisa, mas estamos com mais de 20% [de
flutuação] em um período muito curto."
Há ainda outro fator a se considerar: o fluxo de vendas. "[No caso de] eletrônicos com muitos concorrentes, a tendência é que a margem seja menor. Com uma televisão de 32 polegadas a margem é pequenininha, [a fabricante] acaba repassando o preço. Mas os modelos de 100, 90 polegadas, têm poucos concorrentes, então a margem é maior", explica Dana.
Há ainda outro fator a se considerar: o fluxo de vendas. "[No caso de] eletrônicos com muitos concorrentes, a tendência é que a margem seja menor. Com uma televisão de 32 polegadas a margem é pequenininha, [a fabricante] acaba repassando o preço. Mas os modelos de 100, 90 polegadas, têm poucos concorrentes, então a margem é maior", explica Dana.
A mesma coisa se aplica aos smartphones. Modelos básicos,
de muita saída, enfrentam mais concorrência e por isso as fabricantes
preferem oferecer preços baixos, mesmo que tenham de aumentar o valor ou
assumir prejuízos com a flutuação do dólar. Já os tops de linha, que
são caros, contam com margens mais largas, portanto o risco de
influência do dólar em seus preços é menor.
Momentos de alta do dólar encarecem até produtos importados
domesticamente. Um PlayStation 4 ou um iPhone 6 comprados nos Estados
Unidos acabam ficando tão caros quanto os que são vendidos no Brasil.
É difícil encontrar um economista que tente prever essa
flutuação, porque a tarefa é praticamente impossível. Hiratuka lembra
que o valor do dólar está associado às incertezas do mercado
internacional e do brasileiro, mas mesmo assim a indústria tenta
antecipar seus movimentos seguindo o humor do mercado, o que também não é
uma ciência exata. "As pessoas que negociaram o dólar a R$ 3,10 hoje
cedo acreditam que ele não vai descer, enquanto quem vendeu acredita que
não vai subir mais", exemplifica o economista da FGV.
Para quem precisa comprar um produto eletrônico agora, o
negócio é fazer acompanhamento de preço e não adquirir nada por impulso,
pois pode sair mais caro. "É um momento difícil, e num momento de
incerteza é sempre bom tomar uma certa cautela", aconselha Hiratuka.
Olhar Digital
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