Os criadores do Nômades Digitais querem inspirar mais gente a fazer o mesmo.
Eles queriam fazer alguma coisa diferente e decidiram apostar no mundo dos blogs. Começaram o Casal Sem Vergonha, enxergando a lacuna no mercado de um veículo que tivesse um conteúdo sério sobre sexo. Depois, criaram o Hypeness. Finalmente, decidiram que não queriam mais trabalhar em um lugar fixo.
Nesta sexta-feira, durante a 8ª edição da Campus Party, os dois falaram sobre como mudaram suas vidas e como qualquer pessoa pode fazer o mesmo. “Nômade digital é uma pessoa frustrada com o modelo de trabalho que a sociedade impõe. Ela sente que tem competência para trabalhar de qualquer lugar do mundo cumprindo metas e entregando resultados”, resume o casal. Confira as dicas:
Você não precisa de “paitrocínio”
Nem Jaqueline nem Eme nasceram em famílias ricas. Ela trabalhou na adolescência como garçonete e ele começou a ganhar seu próprio dinheiro como office boy aos 13 anos. Quando decidiram largar seus empregos para começar o próprio negócio, viveram quase um ano sem ir a restaurantes, shows e baladas para economizar dinheiro. Depois, no caso do Nômades Digitais, conseguiram patrocínio da KLM e do Airbnb - mas bateram na porta de várias outras empresas antes de fecharem a parceria.
Planeje-se: Ninguém joga tudo para o alto de repente
Se você quer ganhar dinheiro com sua própria iniciativa ou trabalhar viajando o mundo, precisa se planejar com antecedência. No caso do casal, eles juntaram R$ 40 mil para garantir que pagariam as contas enquanto investissem no projeto. Também ficaram cerca de nove meses desenvolvendo a ideia, testando possibilidades e pensando em maneiras de gerar receitas além de simplesmente ter anunciantes no blog. “Foi um ano sem balada, sem restaurante, sem comprar roupa. Mudanças de vida exigem muita ralação, abrir mão das coisas que você gosta. Criar negócio ou investir em projeto pessoal requer trabalho, planejamento e administração do dinheiro”, diz Eme. Por outro lado, ele aconselha que, uma vez que a decisão de investir em uma nova iniciativa está tomada, não adianta ficar se dividindo entre ela e outro trabalho. É preciso mergulhar de cabeça.
Mudanças nascem de frustrações
Se você não tem certeza de que o que faz atualmente te deixa feliz ou, aliás, bem longe disso, talvez seja hora de refletir. Segundo Eme, a primeira reação quando estamos frustrados é reclamar. É sinal de que algo está errado. Desabafar é bom, mas não resolve o problema. Talvez seja hora de criar um plano B. Canalize sua insatisfação para a mudança. Foi após um momento de infelicidade com o trabalho e a rotina que o casal começou a pensar em novos jeitos de ganhar a vida.
Ganhar dinheiro viajando não significa que você vai fazer bicos
O casal faz questão de deixar claro que a vida de nômade digital não significa viajar fazendo bicos em países diferentes. Não que isso seja errado. Mas o conceito principal é que é escritório fixo. É apenas um jeito diferente de trabalhar. “Você continua sendo tão bem sucedido quanto antes na carreira, mas trabalhando em lugares inspiradores. Há pessoas que conhecemos que acabam ganhando até mais dinheiro nesse modelo de trabalho”, afirma Jaqueline.
Desapegue
Vai se jogar no mundo? Não adianta querer levar na mala todos os seus livros, suas pelúcias de estimação e seu travesseiro preferido. A dica é trocar, na medida do possível, o material pelo digital – no caso dos livros, funciona muito bem. Para quem já tem uma casa, é sempre possível alugar ou vender e investir o dinheiro. O casal garante que ter poucas coisas não torna ninguém menos feliz.
Tenha disciplina
Como o conceito de nômade digital envolve trabalhar sério e ganhar dinheiro, não adianta achar que a coisa é fácil. Para ser bem sucedido, é preciso se dedicar e ter disciplina para cumprir as metas. Mas, como todo trabalho fora do mundo corporativo, ele pode ser mais flexível. Jaqueline e Eme, por exemplo, já ficaram três dias seguidos trabalhando mais de 12 horas para conseguir tirar a quinta e a sexta-feira para passear onde estivessem.
Tire vantagem do câmbio
Já parou para pensar como o custo de vida em grande cidades como São Paulo e Rio de Janeiro é altíssimo comparado a outros lugares? Um cálculo apresentado pelos Nômades Digitais mostra que é possível gastar metade em uma cidade desenvolvida da Tailândia (Chiang Mai), com direito a praias paradisíacas, vivendo tão bem quanto um executivo médio na capital paulista. Claro que é preciso incluir a passagem na conta, mas se a estadia for bem planejada é possível diluir esse preço.
Filhos não são empecilho
Uma dúvida que os dois costumam ouvir é como adotar esse estilo de vida depois de ter filhos. Apesar de não terem experiência própria, dizem já ter conhecido casais com crianças que se adaptam sem problemas à rotina de viajantes. “Hoje existem muitas maneiras de oferecer aprendizado sem que seu filho precise frequentar a escola. A gente acha que uma das melhores formas de educar uma criança é estar perto dos pais e viajar o mundo”, dizem. E garantem que, muitas vezes, os filhos de nômades digitais são muito mais interessantes que as crianças “comuns”.
Mas a minha profissão...
Jaqueline e Eme garantem que muitas ocupações, como programador, agente de viagens, tradutor, fotógrafo, dono de comércio online e escritor, podem ser mantidas sem prejuízo quando se opta por viajar o mundo trabalhando. Caso você não consiga se colocar nessa situação, são basicamente duas opções. Inventar um trabalho ou um projeto ou decidir que essa vida não tem mesmo nada a ver com o seu estilo.
Época Negócios
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