A meia hora de balsa da fervilhante Ibiza, a pacata Formentera se destaca por sua inventiva gastronomia e por concentrar algumas das praias mais fenomenais do Mediterrâneo
Há outro restaurante em Formentera que é mais famoso: Juan y Andrea, à beira da Praia Illetas, que é digna de cartão-postal. É uma instituição, onde todo mundo vai almoçar, com aquela bandeira vermelha tremulando e acenando da ponta da praia, atraindo um interminável fluxo de pessoas vindas dos iates ancorados na água transparente. Elas vêm ver quem mais está lá, pegar mesas enormes sob os guarda-sóis brancos, pedir vinho rosé e paellas fumegantes, e se acomodar para uma longa estada.
A maioria dos turistas que diz já ter estado em Formentera na verdade veio apenas almoçar no Juan y Andrea. É mais ou menos como dizer que você conhece Saint Tropez após uma balada no Le Club 55. Mas fora do alcance do resplendor intenso e dos biquínis, dos megaiates e das visitas de verão de Jay-Z e Beyoncé, a ilha se revela um destino bem mais boêmio e fascinante.
Kate Moss às vezes aparece
Por alguma razão curiosa, a comida neste pequeno grão no Mediterrâneo, sempre à sombra de Ibiza, sua irmã mais velha, é incrivelmente boa: orgânica, fresca, saudável, excitante, cultivada localmente e preparada de maneira encantadora. Não apenas no Juan y Andrea ou no Can Carlos, que pertence ao chef italiano Franceschino Manzoli, mas em todos os 20 quilômetros da orla. Das tradicionais tapas do Codice Luna em La Mola, bem na ponta mais à esquerda, aos sushis servidos no beach club 10 punto 7, na Praia Migjorn.
As ruas de San Francisco Javier, a área central – do tamanho de uma vilinha – estão repletas de lugares para comer. Endereços inusitados para tomar café da manhã, como o Big Store (boa pedida para sucos naturais e smoothies) e o Ca Na Pepa (para um café forte e croissant), se enfileiram entre restaurantes, caso do Oya (ótimas pizzas com direito a uma lojinha que vende roupas e utensílios domésticos retrô), e bares descolados para tomar um mojito ou uma cerveja antes do jantar.
Encravado no vilarejo mais sofisticado, Es Pujols, que ainda resiste às luzes brilhantes e às noitadas, o Can Loca serve à beira d’água deliciosas tigelas de espaguete com lagostim ao molho de alho e tinta de lula. Depois da refeição, todo mundo dá um pulo no restaurante Bocasalina para comprar um pirulito de morango em formato de coração e contemplar a melhor vista do píer. E tudo isso sem confusão, sem ter que esperar por uma mesa.
A atmosfera low profile de Formentera tem sido moldada em grande parte pelos tipos criativos e de espírito livre que aqui aportaram a partir dos anos 60 e 70. Foi na ilha que o Pink Floyd passou temporadas; Bob Dylan hibernou em um farol; a cantora Joni Mitchell escreveu o álbum Blue; a designer de moda Bella Freud passou descalça os verões
de sua infância; e é para onde Kate Moss escapa quando a cena de Ibiza se torna frenética demais.
GQ Brasil
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